terça-feira, 17 de maio de 2011

DEZOITO HORAS

Há momentos na vida em que uma energia misteriosa surge de repente, sabe-se lá de onde e que se apodera da pessoa. Parece que a alma entra em sintonia com a dita energia e deixa enlevar-se.

Há algo de mágico para mim com relação às dezoito horas. Talvez minhas lembranças venham recuperando dados deletados. Pode ser. Nos tempos de Colégio interno, esse era o horário de descanso. Momento das diversões, dos risos, da alegria, das brincadeiras.

Algumas vezes, as sextas-feiras, dezoito horas era o momento do happy hour, merecidos deliciosos minutos se passavam contrapondo-se às longas extenuantes horas de trabalho. Mas sabia, dezoito horas de toda sexta-feira era o mágico momento de apertar o botão on/off e se lançar a um final de semana cheio de doces expectativas.

Ainda recordando os tempos de criança, dezoito horas, era quando meu avô exigia respeito e atenção à oração apresentada pela radio local.     

Ontem, eu transitava de carro pela avenida beira-mar. Eram dezoito horas e não resisti. Estacionei o carro, desembarquei, sentei num banco e me deleitei com a paisagem que se descortinou à minha frente. Entre a praia e o horizonte, uma fileira de barcos. A água do mar, diferentemente do corriqueiro estava muito tranquila, sem ondas e com um brilho metálico. A lua, já alta, teimava em aparecer de trás do nevoeiro. Era lua cheia, magnífica. Logo percebi e compreendi porque as nuvens escondiam a lua. Aos poucos ela foi surgindo, jogou seus raios sobre o mar, criando o entardecer mais belo que já vi. Olhei para os lados e descobri-me solitário, então me senti importante, parecia que aquele espetáculo da natureza era apresentado para um único espectador: eu.
Rui M. Carneiro

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