Aquele dia, ao sair de casa, eu já havia previsto que a viagem teria um sabor agradável. Amanhecera ensolarado, o céu azulado, a temperatura amena, um perfeito dia para descobertas. Assim que eu gosto. Dirigir o carro nessas condições me dá muito prazer e a expectativa de ver lugares novos, conversar com pessoas desconhecidas, descobrir novidades, são fatos que me alimentam.
Surpresas surgem após cada curva, muitas vezes à margem da estrada a fumaça na chaminé de uma casinha, vacas andando no campo, cabras pastando, cão latindo, criança esperando ônibus para a escola, mulher estendendo roupas no varal, um velhinho a cavalo, e o cotidiano daquele lugar se torna novidade para nossos olhos.
Em viagens tenho o costume de sintonizar estações de rádios locais para ter uma noção, mesmo que vaga, da realidade que não é a minha. As comparações que fazemos entre o nosso jeito de viver e o jeito alheio é, as vezes preponderante, para futuras escolhas. Assim descobri que muitas atividades eu não gostaria de executar e muitos estilos de vida não servem prá mim. Cheguei a conclusões de que estou no lugar certo, vivendo da maneira que mais me convém e a forma que escolhi para ser é a mais conveniente.
Estou convencido de que mais cedo ou mais tarde encontramos nosso equilíbrio quando descobrimos onde está a felicidade e pelo que parece procuramos a felicidade em "lugares" para em algum momento dar conta de que ela não está em nenhum lugar, mas sim num "estado de espírito". De modo que viajar é de qualquer forma uma busca, seja lá do que for.
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