Quinto dia de caminhada, depois de abrir e fechar porteiras, nos habituamos a respeitar a gente simples do sul mineiro. A mochila já faz parte integrante do peregrino. O sobe e desce dos morros é uma constante. - Vai com Deus amigo! - Por que vocês estão fazendo caminhada? - Não estão cansados? - Toma aqui uma maçã para matar sua fome lá adiante. Quando vi a placa, arregalei os olhos: - pastel de farinha de milho? Chegando em Tocos do Moji, uma surpresa a mais, a cidade é uma "tetéia", pequenina e organizada, uma avenida de um só quarteirão com frondosas palmeiras tremulando ao vento. Sentadas no canteiro central da avenida, algumas mulheres tecem tricot. De tempos em tempos o ronco de um veículo quebra a tranquilidade daquele lugar. Depois de um banho reparador, fomos ao que mais nos interessava no momento, comer pastel de farinha de milho. Indagamos pela pastelaria do Zé Bastião, mas a informação de que ele já havia falecido, nos deixou desconfiados e tristes. Sarrista, o moço, complementa dizendo que a pastelaria ainda existe. Ah bom! E lá estávamos apreciando pasteis de farinha de milho quando chega o Prefeito (ficou sabendo de nosso interesse pela iguaria local) e conta-nos a historia do pastel e que ele próprio baixou uma lei tornando esse produto como patrimônio cultural da cidade. Nunca mais comi pastel de farinha de milho.